Sucesso da <i>troika</i> é falhanço do País
O Governo de forma servil quis assumir de novo o papel de bom aluno e mostrar serviço à troika, cortando o Carnaval aos portugueses. As contas saíram-lhe furadas.
Governo foi alvo de escárnio nas ruas
«O Governo não deu tolerância de ponto, mas foi feriado em Portugal», constatou o deputado comunista Miguel Tiago, concluindo por isso que o Executivo de Passos Coelho e Paulo Portas «perdeu essa batalha».
Numa declaração política proferida em nome da sua bancada, enumerou empresas e serviços públicos, por todo o País, onde as portas estiveram fechadas ou o trabalho foi pago tal como em dia feriado – como de facto é e consta em muitos contratos colectivos de trabalho –, assim ilustrando a derrota de um Governo que se viu desautorizado e foi «alvo de escárnio» nas ruas pelo seu divórcio com o País.
«O País seguiu os corsos em luta e protesto demonstrando que o Governo deveria estar mais preocupado com os mais de um milhão e 200 mil portugueses que não podem trabalhar porque estão no desemprego do que com aqueles que gozam o feriado de Carnaval», anotou Miguel Tiago, que deixou o aviso de que outros amargos de boca aguardam o Executivo do PSD/CDS-PP se «persistir neste caminho de arrogância típica de quem se mostra muito forte perante o povo mas sempre muito servil ante os senhores do dinheiro».
Desfaçatez
Para o desfasamento entre a realidade do País e a avaliação que dele fazem as troikas doméstica (PS, PSD e CDS-PP) e externa (FMI, BCE e UE) chamou igualmente a atenção o deputado comunista. Acusou uma e outra de não terem qualquer preocupação com a acelerada degradação da situação económica e social, considerando mesmo que «é ofensiva a desfaçatez» com que anunciam que a avaliação do programa é «positiva».
«Mas que sucessos são esses? Os 14 por cento de desemprego? O crescimento da dívida externa? A desvalorização dos salários e pensões? O aumento incomportável dos preços? A destruição do Serviço Público de Arte e Cultura, do Serviço Nacional de Saúde ou do Sistema Educativo? A quebra no consumo interno e o empobrecimento de vastas camadas da população ou o encerramento de empresas a eito?», inquiriu Miguel Tiago, para quem a «insensibilidade social e humana por detrás das palavras da troika, do PSD e do CDS-PP, são a ilustração de que o sucesso do pacto, o sucesso da troika, é o falhanço do País».
Silêncio de chumbo
Reafirmada, por último, foi a necessidade de renegociação da dívida, com o deputado do PCP a frisar que essa é a única forma de arrepiar caminho, travar o rumo de «destruição e afundamento nacional», «resgatar a soberania e a democracia que sofre sob o peso das fortunas acumuladas à custa do povo».
A análise e preocupações do PCP foram compartilhadas pelo PEV e BE, perante a passividade das restantes bancadas, que assim se furtaram ao debate, numa postura que Miguel Tiago classificou como o «silêncio dos culpados».